Será que a minha escola ainda é bilíngue?

We’re back! E este post marca o nosso retorno em tempos ainda pandêmicos e tantas perdas, mas navegar é preciso e cá estamos nós!

Em tempos de Stories, Reels, Feed, IGTV, Tik Tok, pixels e tantas outras “necessidades”, sentimos que faltava o texto, o espaço sem limites de caracteres e onde pudéssemos aprofundar o pensar e o fazer pedagógico, como sempre fizemos. Continuamos nas redes @cafe_bilingue, com pinceladas do que fazemos, mas a reflexão e o tempo que a escrita provoca têm nos chamado mais forte nesse últimos meses. So, here we are!

Isso posto, vamos ao que interessa e ao que lhe trouxe até aqui. Se você está lendo este post provavelmente já ouviu falar das novas Diretrizes para Educação Plurilíngue no Brasil ( se não sabe ainda do que se trata, digite nas redes ou dá uma olhada lá no nosso insta). Em resumo ( um resumo bem resumido mesmo) ela estabelece os parâmetros para que uma escola possa ser chamada/identificada/reconhecida como escola bilíngue. Essa é já era uma luta antiga de todos nós que militamos por uma educação bi/plurilíngue séria e de qualidade. Então não ache que as diretrizes surgiram do nada ou que apareceram de repente para prejudicar a sua escola. A educação bilíngue é uma realidade no mundo e não poderia ser diferente em um país plurilíngue como o nosso ( sim, o Brasil é um país plurilíngue, mas depois podemos conversar mais sobre isso, OK?).

“Mas será que a minha escola ainda é bilíngue?” ou ” Como faço para a minha escola ser bilíngue agora?” . Essas são as perguntas mais frequentes que tenho respondido ultimamente e a resposta é: ‘depende”. Depende de como é a sua escola, depende de que escola você quer ter e depende , sobretudo, do tipo/modelo de educação bilíngue que você quer oferecer. Isso porque ao contrário do que possa parecer nas redes sociais e no que andam te bombardeando por aí não existe um único tipo de bilinguismo e muito menos um único modelo de educação bilíngue. Quando falamos de educação bilíngue estamos falando também de uma educação bilíngue para surdos, para grupos minoritários( as vezes nem tão minoritários assim), imigrantes e também de educação bilíngue de línguas de prestígio, como o Inglês, por exemplo. Pronto, falei!

Durante muito tempo perdurou também a ideia de que a única educação bilíngue possível era o modelo 50%-50%. Ou seja, um modelo muitas vezes de imersão, onde a escola oferecia 50% da carga horária e dos conteúdos na língua oficial do país e os outros 50% na língua adicional. O que também não é verdade. Da mesma forma que oferecer um programa intensivo de ensino de uma língua adicional não faz da escola uma escola bilíngue.

A definição de uma escola bilíngue, basicamente é uma escola que para além de ensinar o inglês como disciplina, como matéria, o “conhecimento” é construído em duas ou mais línguas. è a máxima do ” aqui não se estuda só Inglês; Aqui se estuda EM inglês. Na prática isso quer dizer que a escola oferece também a possibilidade dos alunos terem acesso a outros componentes curriculares na língua adicional.

Aqui na Focus, por exemplo, adotamos o modelo de bilinguismo de adição que é aplicado tanto em escolas que adotam o modelo optativo ( oferecido em horário fora da grade curricular) como naquelas que oferecem um programa integrado a grade curricular. Esse modelo se opõe, em alguns aspectos, ao modelo de imersão, que geralmente prevê uma divisão entre as línguas de no mínimo 50%-50%. Nossa proposta também se diferencia dos modelos que oferecem um currículo adicional, pois nesses modelos há a incorporação de um currículo pronto, geralmente oferecido por um sistema de ensino ou cursos que visam a implementação de programas bilíngues em escolas regulares.

O modelo oferecido desde o início pela Focus propõem o desenvolvimento de um programa em língua inglesa integrado e desenvolvido a partir da proposta pedagógica das escolas, ainda que seja oferecido de forma optativa por algumas escolas. Acreditamos que escolas são sempre uma questão de escolha e que por isso o modelo “one size fits all” não cabe quando falamos de qualquer tipo de educação, inclusive educação bilíngue. Acreditamos ainda na força e no papel da língua materna em todas as etapas da educação e na concepção de mundo dos alunos e por isso a nossa opção por um bilinguismo de adição e que reconhece e preserva a língua e a cultura materna.

E aí temos a resposta para a primeira pergunta ” Mas a minha escola ainda é uma escola bilíngue?“:

  • Se a sua escola oferece educação bilíngue de forma optativa, não.
  • Se a sua escola oferece uma carga horária de menos de 30% e mais de 50% de instrução na língua adicional, na educação infantil ( olha lá no nosso insta para saber sobre as outras etapas), não.
  • Se a sua escola não contempla todas as etapas oferecidas pela escola, não.

E “como eu faço para a minha escola ser bilíngue agora?”. Vamos a resposta da segunda pergunta:

Se você deseja ter uma escola bilíngue, você precisará se adaptar e você tem até 2022 para as escolas de educação infantil e até 2023 para o ensino fundamental e médio.

Mas se o seu objetivo é oferecer ou continuar oferecendo educação bilíngue de qualidade, sem se preocupar no momento em ser chamada de escola bilíngue, você pode continuar normalmente e seguir o que vem fazendo. O mais importante é que suas práticas sejam coerentes com o que você diz oferecer. E aí não dá para acreditar em quem diz oferecer educação bilíngue e tem 2horas semanais na língua adicional ou até menos. isso simplesmente porque é muito difícil você conseguir oferecer o Inglês como matéria e ao mesmo tempo construir conhecimentos na língua adicional ( característica fundamental uma educação bilíngue, lembra?) com um tempo tão reduzido de exposição à língua. Nesses casos você pode ter um excelente programa de ensino de língua inglesa e que tem bastante valor, mas não recomendamos que eles seja oferecido como educação bilíngue.

E por falar em tempo de exposição, no próximo post vamos falar um pouco sobre como se dá a aquisição em língua adicional.

#educaçãobilíngue

#bilinguismo

#focusbilíngue

Conversas ao pé do ouvido

Hoje estamos iniciando uma nova coluna aqui: Conversas ao Pé do Ouvido.
A ideia é ser mais um espaço para discutirmos educação e um local onde vamos colocar videos sobre temas, pessoas e histórias que estão fazendo a diferença na educação.

E puxando a sardinha para o meu lado…o primeiro vídeo é sobre bilinguismos e a conversa que tivemos com as meninas da Piccolo Tagarela na itália.

Quando Eu Crescer, Quero Ser Igual a Você

parliamo

Que tal participar do nosso documentário ?

Língua de Herança é aquela língua que os pais decidem transmitir aos filhos, mesmo não sendo a Língua Materna dos filhos. Quem já passou por isso ou vive esta situação sabe o quanto é difícil, principalmente a medida em que os filhos vão crescendo.

Queremos dar uma “forcinha” para estas famílias. Por isso, se você cresceu tendo uma língua materna diferente da sua mãe, seu pai ou seus avós e hoje agradece a eles por terem insistido tanto para manter e transmitir a língua deles de herança a você, participe!

Conte pra gente como você se sentia quando era criança e como se sente hoje sendo bilíngue ou até mesmo multilíngue.

Envie seu depoimento em vídeo para claudia.spitz@focuseducacional.com.br e participe do documentário que estamos preparando.

Sou bilíngue, e daí?

the book is on the table

Ao contrário do que a grande maioria pensa ser bilíngue não é nenhum fenômeno excepcional . Na verdade, Grosjean (1982) afirma que aproximadamente metade da população mundial é bilíngue, o que por si só já tornaria o fato bastante comum. Mas por que esse assunto ainda gera tanta polêmica, resistência e confusão?

1) A questão toda ainda é muito recente, principalmente no Brasil onde embora coexistam mais de 180 línguas indígenas e cerca de 30 outras línguas provenientes de situações de imigração e fronteiras, optamos por ignorar completamente esta condição e nos autodeclara um país monolíngue.

2) Ser bilíngue não significa necessariamente ser “ambilíngue”. Melhor dizendo, ainda tem-se a ideia de que o individuo bilíngue é aquele que tem competência nativa em duas línguas. É como se estas pessoas tivessem que compreender, ler,falar e escrever em ambas as línguas com a mesma proficiência. Mas a verdade é que são poucas as pessoas capazes de utilizar mais de uma língua igualmente. Seja por que adquiriram uma língua mais completamente do que a outra ou mesmo porque utilizam uma língua mais do que a outra.

3) Bilingualismo é diferente de Bilingualidade. De modo geral, bilinguismo diz respeito a a uma situação onde coexistem duas línguas como meio de comunicação; enquanto que bilingualidade refere-se aos diferentes estágios, fases ou níveis ( competência, fluência) que os bilíngues atravessam durante sua vida (Savedra ,1994).

4) Code-switching, não significa misturar as duas línguas aleatoriamente. Luciana Lessa,PhD, do blog brasileirinhos, explica muito bem esse fenômeno e as regras que o permeiam. Segunda ela, É importante destacar que o code-switching não corresponde a ausência de regras no uso de duas línguas, ou seja, não é uma bagunça que cada pessoa fala como bem entende. Pessoas bilíngues fazem isso dentro de alguns contextos, que podem variar de acordo com quem a pessoa está conversando, a situação da conversação,por não encontrarem uma palavra que traduza com exatidão o que elas querem dizer..o fato é que o bilíngue não está falando aleatoriamente as palavras desta ou daquela língua,ele conhece, respeita as regras e mantém uma estrutura que não fere os princípios gramaticais.

5) Quanto mais cedo melhor! Sim, claro. “Poucas pessoas que aprendem ou adquirem uma segunda língua mais tardiamente, após a infância, dominam completamente o seu sistema sonoro” ( MYERS-SCOTTON,2006). Mas isto não quer dizer que estes indivíduos não possam falar com muita fluência e ter um extenso vocabulário. Será que só por isso não podem ser considerados bilíngues ?

Gosto de pensar na ideia de que assim como existem diversos tipos de bilinguismo ( imersão, adição…),existem diversos tipos de indivíduos bilíngues. E que criar/educar um filho bilíngue deve ser sempre uma opção da família que deve procurar se informar e escolher o melhor modelo que se adapte a sua realidade e a realidade de seu filho. Não existe um único modelo correto. Temos ótimas escolas não-bilíngues e péssimas escolas não-bilíngues. Assim como temos ótimas escolas bilíngues e péssimas escolas bilíngues. O fato de uma escola se autodeclarar bilíngue não faz dela, por si só, uma excelente escola ou uma escola diferenciada.

Nesse momento em que vivemos um “boom” de escolas ditas bilíngues e em uma época onde todos os pais querem simplesmente a ” melhor escola” para seus filhos,fica a dica de que a melhor escola é aquela que mais se adapta a sua realidade e aquela que possui um currículo coerente, professores bem formados e bem informados,além é claro de gestores competentes.

Como converter textos em braille ou audio

Essa dica vale ouro para escolas e professores engajados nos processo de inclusão.

RoboBraille é um serviço gratuito de e-mail capaz de converter documentos de texto em Braille ou áudio .Nós testamos e é bem rápido e fácil de usar . Basta enviar um e-mail com o documento de texto que deseja converter para uma conta RoboBraille específica ou enviar seu arquivo usando a interface disponível na própria página do Robobraille e em poucos minutos você recebe de volta o documento solicitado em mp3 ou em braille.

O conversor é gratuito para usuários não-comerciais , podendo ser utilizado por qualquer pessoas e os documentos podem ser enviados também para uma impressora em braille. Ótima ferramenta para escolas e professores brasileiros.

No Brasil, Segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde, 1% da população do Brasil é formada por deficientes visuais, ou seja, 1,7 milhão de pessoas. No entanto, dados do Censo demográfico do ano 2010 Mais de 45,6 milhões de brasileiros declararam ter alguma deficiência, O número representa 23,9% da população do país e entre os fatores
de exclusão social do deficiente visual, destaca-se a reduzida oferta de literatura em braile, que é o sistema de escrita e leitura que se adéqua às suas necessidades.

Com certeza esta é uma daquelas iniciativas que deviam ser amplamente apoiadas e divulgadas pelas Secretarias de Educação, escolas particulares e professores.

Carta ao meu neto recém-nascido,by Francois Grosjean

Born To Be Bilingual
A letter to my newborn grandchild
Published on November 8, 2012 by Francois Grosjean, Ph.D. in Life as a Bilingual

My dearest little one,

One day you may read this letter written a few days after your birth. Your parents, your extended family, as well as many friends, have been celebrating your arrival among us. We have been marveling at how beautiful and how delicate you are, and we have wondered at your every move, awake or asleep.

Whilst I was admiring you during my last visit, I could not help but think that your life will be surrounded by languages and cultures. Since your mother speaks primarily two rhythmically different languages, you came to the world already attuned to those languages. And in your first year, you will start acquiring those two languages simultaneously. Your father, and his family, will speak one language to you, and your mother, and her family, the other. Being bilingual and bicultural will be a normal part of your life.

You will reach the main milestones of language acquisition–babbling, first words, first phrases–at a rate similar to that of monolingual children. Some sounds or sound groups that are easier to produce will appear sooner than those that are more difficult, some words will have their meaning overextended, and simpler grammatical constructions will be used before more complex ones. The main difference, of course, will be that you will be doing all of this in two languages–just like millions of other bilingual children–and not just one.

Of course, if one language receives more input that the other in your first years, it may become your dominant language–sounds will be isolated more quickly, more words will be acquired, and more grammatical rules will be inferred. And your dominant language may well influence your other language. But this can be corrected quickly if you change environment and your weaker language starts being used more often. It may even take over as your dominant language if the change lasts long enough.

Very quickly you will know which language to use with whom and for what. At first, you will create a strong bond between a person and his or her language. You will address that person in the appropriate language and you may be at a loss–to the point of being upset–when the wrong language is used by your interlocutor. You may even offer to interpret for that person in order to maintain the person-language bond.

You will also intermingle your languages at times as a communicative strategy or to fill a linguistic need. In the latter case, you may suddenly find yourself having to say something in a language that you do not normally use for that particular domain, object or situation. But very quickly you will learn that with people who only know one of your languages, you have to speak just their language.

As the years go by, you will sometimes play with your languages. You will violate the person-language bond and will jokingly speak to someone in the wrong language. Or you may mix your languages on purpose to raise some eyebrows. A bit later, you will translate idiomatic expressions literally into the other language and produce them with a straight face. You may even imitate family members who speak one of your languages with an accent when you could say the same utterance without one.

Since your parents and grandparents have roots in different cultures, you will be introduced to them and will become bicultural. You will learn to adapt to each culture as you navigate between them and you will combine and blend aspects of these cultures. Hopefully, each of your cultures will accept you as a bicultural person and will not force you to choose one over the other. As you grow up, you will be a bridge between the cultures you belong to and you will sometimes act as an intermediary between the two.

There may be times when you are frustrated because of your bilingualism or biculturalism. Someone may make a remark about your way of saying or doing something, or may not know how to situate you. You may also struggle with a written language that you do not (yet) master well. But your parents and your extended family will be there to ease you through the difficulty and make things better.

Be proud of your linguistic and cultural roots and enjoy going back and forth between your languages and cultures. I will personally marvel at how you do so, and will help you, as best I can, to meet the challenges that you will sometimes have to face.

Welcome, my dearest little one …… may you have a wonderful life!

* Saiba Mais!

Francois_Grosjean
<a href="http://www.francoisgrosjean.ch/index.html&quot;! é professor emérito da Universidade de Neuchâtel,Suíça, e conhecido mundialmente por suas pesquisas e contribuições sobre bilinguismo. autor de inúmeros livros, entre eles “Bilingual: Life and Reality”,que estou lendo no momento.

Referencia

Grosjean, François. Bilingual: Life and Reality. Cambridge, MA: Harvard University Press, 2010.

Novo Portal Focus Educacional

imagem portal

Embora oficialmente o ano tenha começado no dia 1o de janeiro, para nós 2013 se inicia hoje com o lançamento do “PORTAL FOCUS EDUCACIONAL”!

A partir de agora todos os serviços oferecidos pelo Grupo Focus podem ser acessados de um só lugar.Passeando pelo Portal é possível conhecer mais de perto o Programa BumbleBee-Sistema Educacional para Escolas Bilíngues desenvolvido pela Focus,ler e imprimir a Revista Boas Práticas – Educação Sem Fronteiras, ficar por dentro das novidades e atualizações do blog Focus Educacional e até mesmo adquirir ou encomendar os produtos diretamente da JouJou Brinquedos.

De acordo com o pessoal de TI, alguns “ajustes finos” ainda serão feitos nas primeiras semanas. Sendo assim, caso encontrem qualquer problema ou dificuldade para acessar alguma área do site, não deixem de nos comunicar.

Para facilitar um pouco a vida de quem acessa o site de fora do Brasil instalamos o tradutor do Google. Sabemos que está longe de ser o ideal e estamos trabalhando em uma versão em inglês para o site,mas não queríamos deixar de atender a ninguém e mudanças de qualidade levam tempo.

Outra novidade que está por vir é o curso de inglês online para crianças! Há tempos estamos querendo democratizar a educação bilíngue e tornar seus benefícios acessível a todos. Os altos custos acabam por tornar este tipo de educação excludente e disponível apenas a uma parcela da sociedade. Esta iniciativa tem como objetivo apenas despertar nas crianças o interesse por uma nova língua e, principalmente por novas culturas, enquanto se divertem !

2013 promete e as novidades não param por aí! No segundo semestre os planos de montar uma editora enfim sairão do papel e com certeza representará mais um passo em direção a profissionalização da formação dos professores e a democratização de uma educação bilíngue de qualidade.

De resto, queríamos muito agradecer a todos que têm acreditado e apostado em nosso trabalho. Por vocês e só por vocês, ficamos entre os 100 melhores blogs de educação em 2012. Nosso blog está presente em diversos países e o número de escolas dispostas a apostar em uma educação bilíngue de conteúdo (feita por educadores comprometidos e que estão constantemente buscando e investindo em sua formação ) ao invés de escolher apenas pela forma, tem crescido consideravelmente.

Por tudo isso, muito obrigado! E, continuem compartilhando,indicando , comentando, sugerindo e divulgando nosso trabalho!

Para conhecer o novo PORTAL FOCUS EDUCACIONAL “clique aqui”

Como investir em uma educação de qualidade ?

Estima-se que 1 em cada 4 habitantes do planeta fale inglês com algum nível de competência. Em 2016 o maior país falante de língua inglesa será a China e, de acordo com um relatório publicado pelo British Council, na próxima década aproximadamente 2 bilhões de pessoas estarão estudando inglês e, metade da população mundial – cerca de 3 bilhões de pessoas – falarão inglês. Ninguém duvida que ,junto com a tecnologia, a língua é o motor principal da globalização.

Linguisticamente falando estamos vivendo em um mundo totalmente novo, onde os falantes “não-nativos” de inglês superam os falantes “nativos” na proporção de 3:1. O número de escolas autodenominadas bilíngues aumenta a cada ano, seja com a abertura de novas escolas ou com introdução de programas bilíngues. Constantemente amigos me consultam ou sou indicada por alguém para responder questões sobre o funcionamento das escolas bilíngues, os programas e escolas existentes, etc. Pessoalmente sou mais do que favorável ao investimento na leitura e na escrita em mais de uma língua e defendo inclusive uma educação pública bilíngue. Entretanto, mais do que qualquer coisa defendo um educação de qualidade, seja ela bilíngue ou não.

Estive durante toda a semana participando do Braz-Tesol no Rio de Janeiro, que a cada dois anos organiza uma convenção nacional para os professores de inglês. Nestas convenções ocorrem debates, mesas-redondas, palestras, workshops, etc com os mais renomados profissionais . Professores, autores,palestrantes e “TeacherTrainers” internacionais desfilam pelo evento dando aos participantes o que há de mais atual em termos de metodologias, abordagens e técnicas de ensino. Senti falta da presença dos professores das escolas bilíngues de Niterói e do Rio. Poucos estiveram presentes. Muitas conversas, debates e, vem da página da Selma Moura,coordenadora doThe Bilingualism SIG,um checklist que pode ajudar muito aos pais e todos aqueles que estão procurando ou em dúvida sobre uma escola bilíngue para seus filhos:

• a) Os professores têm formação em Pedagogia?
• b) Os professores têm experiência em educação?
• c) Os professores têm proficiência nas línguas?
• d) Há professores com pós-graduação?
• e) A coordenação pedagógica tem formação em educação em geral e em educação bilíngue em particular?
• f) Os professores participam de eventos e cursos na área? A escola apoia esta participação? (Boas escolas incentivam seus professores a participarem de cursos e eventos, inclusive liberando-os em horário de trabalho e financiando parte do custo)
• g) Há reuniões pedagógicas frequentes com toda equipe? (As reuniões devem ser semanais ou, pelo menos, quinzenais)
• h) Há orientação individual aos professores por parte da coordenação pedagógica?

Seja qual for a escola, é importante lembrar que não é possível haver qualidade de ensino sem um projeto pedagógico sério por parte da escola. E que, qualquer projeto pedagógico sério envolve necessariamente toda a equipe e um investimento constante em formação. Escolas ou programas bilíngues sérios e de excelência investem e se preocupam com a contratação de seus professores. Não basta “falar bem inglês” para dar aulas em inglês. Desconfie dos cursos que oferecem projetos bilíngues ou das escolas bilíngues, que não investem na contratação de professores inexperientes, apresentam alta rotatividade de professores e cujos professores equipe pedagógica não podem comprovar proficiência nas línguas.

A questão da educação bilíngue ainda é muito nova por aqui, e ninguém é capaz de ensinar aquilo que não sabe e exercer uma função para a qual não foi preparado. A educação bilíngue quando feita com competência e sensibilidade, pode ser uma experiência maravilhosa para as crianças, com frutos muito positivos para o desenvolvimento cognitivo, linguístico e cultural dos alunos.

O que é “Educação Bilíngue” ?

Em um de seus livros sobre psicologia educacional, Robert Slavin define a educação bilíngüe como “programas para alunos que ainda estão adquirindo Inglês no qual parte dos ensinamentos são transmitidos na língua materna ao mesmo tempo em que o Inglês é apreeendido” (Slavin, 2006). Esta definição pode ser generalizada para situações em que a língua majoritária é algo diferente do Inglês ou, como é o caso dos programas de imersão em francês no Canadá, onde o objetivo é aprender uma língua minoritária. Além do objetivo principal de aprender uma segunda língua, todos os tipos de educação bilíngüe demonstraram produzir mudanças positivas não só no uso da língua como também na atitude dos grupos, na identidade e na auto-estima dos alunos. (Pérez, 2004).

De modo geral, há quatro tipos de programas de educação bilíngüe. O primeiro tipo é a imersão, e é quando os alunos são ensinados predominantemente, se não totalmente, na 2a língua . O segundo tipo de programa é a educação bilíngüe de transição, no qual os alunos são inicialmente ensinados em sua língua materna e, depois, gradualmente, ao longo de alguns anos, é feita a transição para o ensino em uma 2ª língua. O terceiro tipo, é caracterizado pelo fato de que as crianças aprendem as mesmas matérias tanto em sua língua materna quanto em uma 2ª lingua. O quarto e último programa é o “Dual Language”, onde todos os alunos são ensinados em ambas as línguas. (Slavin, 2006).

O programa de imersão em francês adotado no Canadá não pode ser definido em uma única categoria, e sim como uma mistura entre os programas de imersão e modelos de aprendizagem nos dois idiomas( Dual language programm). No início, o aprendizado de francês segue um modelo de imersão com 100% da instrução oferecida em francês. Com o passar dos anos, a lingua materna começa a ser formalmente introduzida e os alunos passam a receber instruções nos dois idiomas, ou seja, algumas matérias passam a ser ensinadas na língua materna e outras em uma 2ª língua.

Fonte: University of Michigan
http://sitemaker.umich.edu

Qual a melhor idade para matricular seu filho em uma escola bilíngue ?

Estima-se que 80% de todas as crianças matriculadas em programas bilíngues ao redor do mundo e principalmente no Canadá iniciaram seus estudos na educação infantil. Esta tendência pode ser explicada por vários fatores:

1) As pequisas tem mostrados que é mais fácil e mais “natural” para a criança aprender um segundo idioma ainda na educação infantil. A Finlândia por exemplo, oferece um programa de imersão em sueco para crianças a partir de 3 anos.
2) Professores de Programas de Imersão em nesta idade, estão mais atentas ao fato de que no início as crianças não entendem o idioma e por isso utilizam uma estratégia de comunicação rica e variada fazendo com que a aprendizagem de uma segunda lingua se torne uma experiência significativa.
3) Estudos realizados no Canadá e em outros países que adotaram programas de imersão em uma segunda língua tem comprovado a eficiência destes programas.

Se por um lado é mais “natural” para uma criança aprender uma segunda língua através de programas de imersão ainda na educação infantil, por outro, é necessário um grande trabalho de motivação quando a imersão é feita mais tarde por volta do 5o ou 6o ano. Nesta idade o desejo do aluno, sua habilidade linguística e sua prcepção a respeito do novo idioma são as bases principais para o sucesso de um programa de imersão.

Fonte: http://www.edu.gov.mb.ca

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