Será que a minha escola ainda é bilíngue?

We’re back! E este post marca o nosso retorno em tempos ainda pandêmicos e tantas perdas, mas navegar é preciso e cá estamos nós!

Em tempos de Stories, Reels, Feed, IGTV, Tik Tok, pixels e tantas outras “necessidades”, sentimos que faltava o texto, o espaço sem limites de caracteres e onde pudéssemos aprofundar o pensar e o fazer pedagógico, como sempre fizemos. Continuamos nas redes @cafe_bilingue, com pinceladas do que fazemos, mas a reflexão e o tempo que a escrita provoca têm nos chamado mais forte nesse últimos meses. So, here we are!

Isso posto, vamos ao que interessa e ao que lhe trouxe até aqui. Se você está lendo este post provavelmente já ouviu falar das novas Diretrizes para Educação Plurilíngue no Brasil ( se não sabe ainda do que se trata, digite nas redes ou dá uma olhada lá no nosso insta). Em resumo ( um resumo bem resumido mesmo) ela estabelece os parâmetros para que uma escola possa ser chamada/identificada/reconhecida como escola bilíngue. Essa é já era uma luta antiga de todos nós que militamos por uma educação bi/plurilíngue séria e de qualidade. Então não ache que as diretrizes surgiram do nada ou que apareceram de repente para prejudicar a sua escola. A educação bilíngue é uma realidade no mundo e não poderia ser diferente em um país plurilíngue como o nosso ( sim, o Brasil é um país plurilíngue, mas depois podemos conversar mais sobre isso, OK?).

“Mas será que a minha escola ainda é bilíngue?” ou ” Como faço para a minha escola ser bilíngue agora?” . Essas são as perguntas mais frequentes que tenho respondido ultimamente e a resposta é: ‘depende”. Depende de como é a sua escola, depende de que escola você quer ter e depende , sobretudo, do tipo/modelo de educação bilíngue que você quer oferecer. Isso porque ao contrário do que possa parecer nas redes sociais e no que andam te bombardeando por aí não existe um único tipo de bilinguismo e muito menos um único modelo de educação bilíngue. Quando falamos de educação bilíngue estamos falando também de uma educação bilíngue para surdos, para grupos minoritários( as vezes nem tão minoritários assim), imigrantes e também de educação bilíngue de línguas de prestígio, como o Inglês, por exemplo. Pronto, falei!

Durante muito tempo perdurou também a ideia de que a única educação bilíngue possível era o modelo 50%-50%. Ou seja, um modelo muitas vezes de imersão, onde a escola oferecia 50% da carga horária e dos conteúdos na língua oficial do país e os outros 50% na língua adicional. O que também não é verdade. Da mesma forma que oferecer um programa intensivo de ensino de uma língua adicional não faz da escola uma escola bilíngue.

A definição de uma escola bilíngue, basicamente é uma escola que para além de ensinar o inglês como disciplina, como matéria, o “conhecimento” é construído em duas ou mais línguas. è a máxima do ” aqui não se estuda só Inglês; Aqui se estuda EM inglês. Na prática isso quer dizer que a escola oferece também a possibilidade dos alunos terem acesso a outros componentes curriculares na língua adicional.

Aqui na Focus, por exemplo, adotamos o modelo de bilinguismo de adição que é aplicado tanto em escolas que adotam o modelo optativo ( oferecido em horário fora da grade curricular) como naquelas que oferecem um programa integrado a grade curricular. Esse modelo se opõe, em alguns aspectos, ao modelo de imersão, que geralmente prevê uma divisão entre as línguas de no mínimo 50%-50%. Nossa proposta também se diferencia dos modelos que oferecem um currículo adicional, pois nesses modelos há a incorporação de um currículo pronto, geralmente oferecido por um sistema de ensino ou cursos que visam a implementação de programas bilíngues em escolas regulares.

O modelo oferecido desde o início pela Focus propõem o desenvolvimento de um programa em língua inglesa integrado e desenvolvido a partir da proposta pedagógica das escolas, ainda que seja oferecido de forma optativa por algumas escolas. Acreditamos que escolas são sempre uma questão de escolha e que por isso o modelo “one size fits all” não cabe quando falamos de qualquer tipo de educação, inclusive educação bilíngue. Acreditamos ainda na força e no papel da língua materna em todas as etapas da educação e na concepção de mundo dos alunos e por isso a nossa opção por um bilinguismo de adição e que reconhece e preserva a língua e a cultura materna.

E aí temos a resposta para a primeira pergunta ” Mas a minha escola ainda é uma escola bilíngue?“:

  • Se a sua escola oferece educação bilíngue de forma optativa, não.
  • Se a sua escola oferece uma carga horária de menos de 30% e mais de 50% de instrução na língua adicional, na educação infantil ( olha lá no nosso insta para saber sobre as outras etapas), não.
  • Se a sua escola não contempla todas as etapas oferecidas pela escola, não.

E “como eu faço para a minha escola ser bilíngue agora?”. Vamos a resposta da segunda pergunta:

Se você deseja ter uma escola bilíngue, você precisará se adaptar e você tem até 2022 para as escolas de educação infantil e até 2023 para o ensino fundamental e médio.

Mas se o seu objetivo é oferecer ou continuar oferecendo educação bilíngue de qualidade, sem se preocupar no momento em ser chamada de escola bilíngue, você pode continuar normalmente e seguir o que vem fazendo. O mais importante é que suas práticas sejam coerentes com o que você diz oferecer. E aí não dá para acreditar em quem diz oferecer educação bilíngue e tem 2horas semanais na língua adicional ou até menos. isso simplesmente porque é muito difícil você conseguir oferecer o Inglês como matéria e ao mesmo tempo construir conhecimentos na língua adicional ( característica fundamental uma educação bilíngue, lembra?) com um tempo tão reduzido de exposição à língua. Nesses casos você pode ter um excelente programa de ensino de língua inglesa e que tem bastante valor, mas não recomendamos que eles seja oferecido como educação bilíngue.

E por falar em tempo de exposição, no próximo post vamos falar um pouco sobre como se dá a aquisição em língua adicional.

#educaçãobilíngue

#bilinguismo

#focusbilíngue

Um pouquinho do que fazemos!

logo_bumblebee

Há seis anos um grupo de educadores e especialistas em diversas áreas interessados interessados em trazer para o Brasil um modelo de Educação Bilíngue que se adaptasse à realidade das escolas brasileiras, uniu suas experiências como professores de escolas bilíngues e internacionais e,a cima de tudo, como pais de filhos bilíngues, e assim surgiu a Focus .

Em 2017  a Focus faz 7 anos! E o que parecia um sonho distante: fornecer consultoria à escolas brasileiras interessadas em desenvolver um currículo em educação bilíngue e atuar diretamente na formação de professores para escolas bilíngues, virou realidade!

Durante todos estes anos,muitas escolas e educadores têm nos procurado e tantos outros gostariam de saber exatamente como funcionamos.Por contar com uma equipe bem reduzida, que faz questão de fazer de cada escola em que atuamos uma experiência única e entende que num país de tantos contrastes e dimensões continentais como o nosso, uma escola jamais será igual a outra, divulgamos pouco o nosso trabalho.

As escolas, os pais, professores e principalmente as crianças são a nossa principal preocupação e , ao mesmo tempo, nossa assinatura e também nosso principal orgulho.Hoje recebemos um video tão lindo de uma destas escolas que resolvemos compartilhá-lo aqui. Obrigada a Harbor Bilingual School por dividir conosco este momento e aos que quiserem saber mais, visitem a nossa página aqui.

 

 

 

 

 

 

As Escolas e suas Linhas Pedagógicas

Esta é a época para os pais começarem a escolher a escola dos filhos. Recebi no final de semana uma pergunta interessante de uma mãe que lê o blog, com dúvidas em relação as chamadas metodologias ou linhas pedagógicas pelas escolas. Pedi sua autorização para compartilhar a resposta aqui. Quem sabe ajuda outras mães em situação semelhante?

Primeiro quero dizer que não acredito em escola perfeita ou metodologia ideal. Uma linha pedagógica pode funcionar muito bem com uma criança e não ser a melhor opção para outra família. Sendo assim, o melhor a fazer é conversar em família, observar seu filho,os valores adotados pela sua família, avaliar a questão do deslocamento,trânsito,visitar muitas escolas(de preferência agora,enquanto estão funcionando a pleno vapor com alunos,aulas,professores,refeições) e só então escolher a que melhor se adapta ao perfil da criança e da sua família,OK? Dito isto,vou dar uma ideia geral de algumas linhas pedagógicas para facilitar a sua busca:

• Escola Construtivista – Esta é a linha adotada ou pelo menso anunciada pela grande maioria das escolas brasileiras.Baseia-se na construção do conhecimento, levando em conta a formulação de hipóteses e a resolução de problemas. O aluno é levado a construir hipóteses que são tidas como legítimas no processo de aprendizagem de acordo com as fases de desenvolvimento do aluno (descritas na psicologia de Jean Piaget). A experimentação e participação em grupo são amplamente incentivadas assim como o trabalho com projetos.
Na maioria das escolas que segue esta filosofia,as provas, embora possam existir, não são a única forma de avaliação.A avaliação é contínua, ou seja, o aluno é avaliado durante todo o ano escolar.

• Escola tradicional – A função primordial da escola, nesse modelo, é transmitir conhecimentos disciplinares para a formação geral do aluno e preparar para exames que exijam o conhecimento acumulado. As provas são o principal método de avaliação para promoção escolar. Mas confundir o termo escola tradicional com escola retrógrada é um equívoco pois apesar da base tradicional, as escolas não pararam no tempo e, muitas delas, conseguem perfeitamente aliar tradição com inovação.

• Escola Montessoriana – foi criada pela médica Maria Montessori na Itália após a Segunda Guerra Mundial. Os princípios básicos são a atividade, a individualidade e a liberdade.As escolas que adotam esta linha partem do princípio de que a criança precisa ter uma experiência concreta para chegar à abstração, pois somente assim ela assimilará o conhecimento.As salas de aula contam com diferentes materiais criados pela Dra. Maria Montessori e os alunos, embora possam escolher as atividades do dia, precisam cumprir o programa pré-estabelecido para poder avançar. Outra característica das escolas montessorianas é o trabalho com turmas agrupadas ou seja,crianças de idade diferentes trabalhando juntas em uma mesma sala.
A avaliação varia muito de escola para escola Podendo ser uma prova agendada anteriormente ou apenas a avaliação do empenho e interesse do aluno.

• Escola Waldorf – Nestas escolas a criança possui o mesmo professor e turma durante todo o ensino fundamental e aprende de acordo com o ritmo do seu desenvolvimento físico,intelectual e espiritual. Na pedagogia criada pelo austríaco Rudolf Steiner, o interesse e os questionamentos do aluno são muito respeitados. Além das matérias tradicionais, há aulas de jardinagem, música, marcenaria e teatro no currículo escolar tendo em vista o desenvolvimento de seres humanos capazes de por eles próprios dar sentido e direção. Como forma de avaliação o aluno tem o seu conhecimento e suas aptidões medidas em sua atuação ao longo do ano, por meio de relatórios descritivos.

Outro aspecto importante que deve ser levado em consideração e que não está diretamente relacionado à linha pedagógica adotada pela escola é o modelo ou tipo de instituição que a sua família procura como escolas religiosas, bilíngues, internacionais ou de tempo integral :

• Escolas Religiosas – essas escolas seguem os princípios básicos da religião a que pertencem. Verifique se a sua família concorda com os valores da religião ensinada na escola para que a criança não se veja em conflito.

• Escolas Bilíngues – na maioria das escolas bilíngues um ou mais conteúdos são ensinados através de uma língua estrangeira mas todas seguem as exigências do Ministério da Educação local, ou seja, tem currículo e calendário nacionais. É importante observar que nem toda escola que oferece aulas em língua estrangeira pode ser considerada bilíngue. Já falamos sobre este assunto aqui.

• Escolas Internacionais – essas escolas seguem os currículos estrangeiros. Inicialmente foram criadas para atender aos filhos de estrangeiros em outros países mas atualmente tem aumentado muito o número de alunos brasileiros matriculados em escolas internacionais. As escolas Internacionais priorizam o currículo do seu pais de origem inclusive no que diz respeito ao currículo e ao calendário escolar. Normalmente são a opção de famílias que desejam que os filhos cursem o nível superior em países estrangeiros.

• Escolas em Tempo Integral. O aprendizado integral envolve todas as áreas que estimulam o desenvolvimento cognitivo, psicossocial e psicológico da criança, como as artes, o teatro, a música, a leitura, o esporte, entre outras. As escolas de Tempo integral são aquelas que oferecem oferecidas aos alunos oportunidades de vivências múltiplas nessas áreas dividindo o tempo entre as atividades “convencionais” e as atividades “complementares” entre os períodos da manhã e da tarde.

Por mais que estas dicas possam ajudar( e espero que sim),lembre-se que o mais importante é que a criança esteja sempre feliz e equilibrada.

Sistema Educacional Bilíngue

A Educação Bilíngue,embora já seja uma realidade, ainda é um campo extremamente novo,principalmente no Rio de Janeiro e em Niterói.

O fato de não existir nenhuma regra ou legislação específica atualmente para abertura de Escolas Bilíngues, faz com que as pesquisas e a formação dos profissionais e escolas que se propõem a trabalhar com este “novo” conceito educacional se torne fundamental para o desenvolvimento de um trabalho sério e de qualidade.

As Parcerias então se tornam fundamentais para a implementação de novos projetos e para a solidificação dos atuais. Em 2011,um grupo de profissionais com mais de 20 anos de experiência em educação bilíngue resolveu se juntar e unir seus conhecimentos para ajudar escolas e professores neste processo de transição.

O que merece ser feito,merece ser BEM FEITO ! Nada então poderia ser pior do que excluir pela língua!Durante muito tempo acreditou-se que os melhores professores eram os “nativos” ou que, para ser bilíngue era necessário frequentar uma escola internacional. Hoje sabemos que estas informações não procedem.Não basta saber inglês para ensinar inglês. E os professores brasileiros estão entre os melhores profissionais de ESL/ESOL( Inglês como 2a língua/inglês para falantes de outras línguas),mesmo que a maioria de nós nunca tenha frequentando uma escola bilíngue,não é mesmo?

Um ano depois, após ter acompanhado, pesquisado e pilotado programas bilíngues em diversas escolas,inclusive no Nordeste,região que vem se destacando cada dia mais pelos investimentos em educação internacional,tendo inclusive várias escolas que já são referência em educação bilíngue,acreditamos ter chegado a um modelo ideal e acessível a todas as escolas.

O Sistema educacional Bumble Bee é um programa que investe sobretudo na formação do professor,na orientação à escola e aos pais e em um material didático diferenciado. Estamos muito felizes com nossos progressos. Gostaríamos de compartilhar com todos o nosso sucesso e dizer que estamos lançando oficialmente o BUMBLE BEE,Sistema Educacional Bilíngue, nas escolas de Niterói e do Rio em 2013.

Veja aqui a apresentação de lançamento do programa BUMBLE BEE

Como investir em uma educação de qualidade ?

Estima-se que 1 em cada 4 habitantes do planeta fale inglês com algum nível de competência. Em 2016 o maior país falante de língua inglesa será a China e, de acordo com um relatório publicado pelo British Council, na próxima década aproximadamente 2 bilhões de pessoas estarão estudando inglês e, metade da população mundial – cerca de 3 bilhões de pessoas – falarão inglês. Ninguém duvida que ,junto com a tecnologia, a língua é o motor principal da globalização.

Linguisticamente falando estamos vivendo em um mundo totalmente novo, onde os falantes “não-nativos” de inglês superam os falantes “nativos” na proporção de 3:1. O número de escolas autodenominadas bilíngues aumenta a cada ano, seja com a abertura de novas escolas ou com introdução de programas bilíngues. Constantemente amigos me consultam ou sou indicada por alguém para responder questões sobre o funcionamento das escolas bilíngues, os programas e escolas existentes, etc. Pessoalmente sou mais do que favorável ao investimento na leitura e na escrita em mais de uma língua e defendo inclusive uma educação pública bilíngue. Entretanto, mais do que qualquer coisa defendo um educação de qualidade, seja ela bilíngue ou não.

Estive durante toda a semana participando do Braz-Tesol no Rio de Janeiro, que a cada dois anos organiza uma convenção nacional para os professores de inglês. Nestas convenções ocorrem debates, mesas-redondas, palestras, workshops, etc com os mais renomados profissionais . Professores, autores,palestrantes e “TeacherTrainers” internacionais desfilam pelo evento dando aos participantes o que há de mais atual em termos de metodologias, abordagens e técnicas de ensino. Senti falta da presença dos professores das escolas bilíngues de Niterói e do Rio. Poucos estiveram presentes. Muitas conversas, debates e, vem da página da Selma Moura,coordenadora doThe Bilingualism SIG,um checklist que pode ajudar muito aos pais e todos aqueles que estão procurando ou em dúvida sobre uma escola bilíngue para seus filhos:

• a) Os professores têm formação em Pedagogia?
• b) Os professores têm experiência em educação?
• c) Os professores têm proficiência nas línguas?
• d) Há professores com pós-graduação?
• e) A coordenação pedagógica tem formação em educação em geral e em educação bilíngue em particular?
• f) Os professores participam de eventos e cursos na área? A escola apoia esta participação? (Boas escolas incentivam seus professores a participarem de cursos e eventos, inclusive liberando-os em horário de trabalho e financiando parte do custo)
• g) Há reuniões pedagógicas frequentes com toda equipe? (As reuniões devem ser semanais ou, pelo menos, quinzenais)
• h) Há orientação individual aos professores por parte da coordenação pedagógica?

Seja qual for a escola, é importante lembrar que não é possível haver qualidade de ensino sem um projeto pedagógico sério por parte da escola. E que, qualquer projeto pedagógico sério envolve necessariamente toda a equipe e um investimento constante em formação. Escolas ou programas bilíngues sérios e de excelência investem e se preocupam com a contratação de seus professores. Não basta “falar bem inglês” para dar aulas em inglês. Desconfie dos cursos que oferecem projetos bilíngues ou das escolas bilíngues, que não investem na contratação de professores inexperientes, apresentam alta rotatividade de professores e cujos professores equipe pedagógica não podem comprovar proficiência nas línguas.

A questão da educação bilíngue ainda é muito nova por aqui, e ninguém é capaz de ensinar aquilo que não sabe e exercer uma função para a qual não foi preparado. A educação bilíngue quando feita com competência e sensibilidade, pode ser uma experiência maravilhosa para as crianças, com frutos muito positivos para o desenvolvimento cognitivo, linguístico e cultural dos alunos.