Fônico ou Construtivista,qual o melhor para aprender inglês? Eis aqui a nossa opinião !

phonics

Volta e meia o debate que opõe, de maneira ferrenha, construtivistas e defensores do método fônico ganha força e o assunto vem à tona em diversos países. Essa questão é ainda mais complicada no Brasil onde a precariedade da alfabetização é uma realidade e o construtivismo considerado o que há de mais moderno em termos de teorias de ensino.

Não vamos entrar no mérito das discussões brasileiras, mas pessoalmente acho um tanto quanto estranho a insistência, ou seria melhor dizer recusa, de algumas escolas em utilizar o método fônico( ou phonics,como é conhecido em inglês) para ensinar o idioma. Essa estranheza torna-se ainda maior quando sabemos que ensinar às crianças a relação entre letras e sons faz parte das diretrizes e currículos dos países de língua inglesa e, não só deles, como da França, Finlândia e Alemanha, só para citar alguns .

A ortografia da língua inglesa tem relações grafofonêmicas bastante irregulares, com correspondências imprevisíveis entre sons e letras. O mesmo som pode muitas vezes ser escrito de maneiras diferentes . Como fazer a criança entender ,por exemplo, que o mesmo som do /e/ na palavra “egg” pode também ser escrito como /ea/ e, “head” ou /ai/ em “said” ? Como esperar que as crianças construam hipóteses ou façam deduções baseadas em “contextos” se jamais foram ensinadas sobre os diferentes sons de cada letra do alfabeto , principalmente em um contexto onde o inglês não é a primeira língua ou língua materna de nenhum dos membros da maioria das famílias ?

Nosso alfabeto é composto de 26 letras, sendo 21 consoantes e 5 vogais. A grande maioria dos cursos de inglês ou métodos utilizados nas escolas limita-se a ensinar apenas o que chamamos de o “nome das letras”( quem nunca aprendeu o A,Bee,See, Dee..). O problema é que na maioria das palavras essas mesmas letras podem representar outros sons, como A utilizado em “cat” e em “baby”- para dar um exemplo bem simples- o que geralmente confunde não só as crianças como os adultos também.

Em inglês, as 21 consoantes dão origem a 25-26 sons e as 5 vogais podem representar 18 sons diferentes. Como então é possível ensinar a ler e escrever com independência em inglês sem ensinar as crianças as diferentes possibilidades e combinações? Não estou com isso afirmando que o método fônico, sozinho, é suficiente para ensinar a ler e escrever com competência e independência em inglês. Mas, pessoalmente e com base na minha experiência em sala de aula, pesquisas e observações em escolas de diferentes países, acho muito difícil que esse aprendizado ocorra ,de forma natural e abrangente, através de métodos ou metodologias que simplesmente rejeitam o ensino do mesmo.

Sou totalmente a favor da educação bilíngue, em seus diversos modelos, desde que séria, de qualidade e feita por profissionais competentes. Defendo mais ainda a ideia de que ela pode sim, ser acessível a todos desde que saibamos entender e respeitar as diferenças culturais e contextuais existente entre os diversos países. Acredito com todas as minhas forças que não só é possível aprender inglês na escola, como inadmissível que ele seja introduzido como matéria curricular a partir do 6º ano( hoje em dia até mais cedo na maioria das escolas particulares) e que ao final do Ensino Médio o nível de fluência e proficiência de grande parte dos alunos ainda esteja bem abaixo da média mundial.

Talvez isso se deva , em grande parte, ao fato de que insistimos em ensinar a língua inglesa como uma matéria isolada das demais, dando ênfase a apenas uma ou outra habilidade da língua. Trabalhamos frases feitas e ensinamos nossos alunos as respostas certas para as perguntas certas e quando eles se veem em uma situação que foge ao script (que são a maioria no dia a dia) não sabem como resolver, travam ou se desesperam. Ou então e pior ainda,achamos natural alguém dizer que lê e até entende bem, mas infelizmente tem dificuldades para escrever ou falar o idioma.

Definitivamente escolas e professores precisam rever seus conceitos. Muito mais importante do que utilizar uma metodologia ou abordagem da moda, seja ela construtivista, fônica, sócio interacionista ou tradicional, é utilizar algo que comprovadamente funcione. E que fique claro que não sou de forma alguma contra o construtivismo, apenas acho que ele não se aplica a todos e que a sua utilização na educação básica brasileira vem sendo, por assim dizer, distorcida e, que ao considerarmos a teoria construtivista como a única possível, as vezes acabamos ignorando que a maioria dos alunos brasileiros vem de famílias com uma defasagem educacional e que por conta disto trazem consigo uma bagagem e visão de mundo bem mais vazia do que o esperado. O mesmo se aplica ao ensino do inglês, onde na maior parte do tempo lidamos com alunos cujas famílias não dominam o idioma e que tem na escola a única oportunidade de praticar e desenvolver as competências necessárias a aquisição e uma nova língua.

Vem daí a necessidade de sermos honestos com o que vendemos e/ou oferecemos, mesmo que isto muitas vezes signifique ir contra ao que a maioria pratica.